domingo, 28 de maio de 2006

Words are very unnecessary.
Mas é o único meio de ficar perto de você.
E o o único para qual me entrego. E tento expressar nessas mesmas palavras intocáveis como você me machuca e minha gratidão por mim mesma por conseguir ser livre ainda assim.
Livre.
E é sentimento e é desejo e é entrega e quiçá, um pouco de tudo.
Só sei que me consome e te idolatra.

sábado, 27 de maio de 2006

Soundtrack: Amara Portuondo, "Que emocion"

Foi tão injusto quanto o dia em que uma moça com retiré torto passou de nível na dança primeiro que eu.
É tão engraçado a forma como eu achava que sentir raiva era para pessoas incompletas e imaturas. Mais engraçado ainda a necessidade que eu tinha de me apaixonar por alguém quando eu pensava assim.
Agora, parece que quando o amor é próprio, a gente é livre para sentir raiva sem culpa e sem medo de tudo o que desejamos de mal ao outro vir nos afrontar.
E a gente é livre porque não passamos cada dia da vida torcendo para o fracasso alheio, mas apenas quando nos vem à cabeça tudo de mal que nos foi feito, oculto. A maneira como entraram na nossa vida, mudaram tudo aquilo em que acreditávamos e a maneira como foram embora pra sempre.
E quiseram tirar nossa própria identidade. A mesma que desde a pré-adolescência, buscávamos em canções confusas, modas alternativas, na vontade de ser exclusivo, de ter uma opinião própria, de convencer, no ato da auto-afirmação.
Aquela mesma busca que resultou em lágrimas e divagações e explosões dentro de nós, que nos obrigou a crescer da noite pro dia sozinhos, porque ninguém compreendia.
Toda aquela dor e experiência quiseram nos tomar. Torná-las em vão.
É, sejam livres. Não se apaixonem.
Não pelos outros.
Outros que afirmarão te amar, mas na maioria das vezes por dó e não por causa da consciência de que essa frase te fará saltitar e sua felicidade é a causa principal da deles. Outros que comentarão cada defeito seu com algum amigo e dirão estar se cansando da sua pessoa aos poucos. Outros que levarão essa situação até ela se tornar insustentável e te dirão adeus da maneira mais fria possível (ou nem isso...) e tomarão raiva da sua cara.
E não, aqueles textos de auto-ajuda que dizem que as decepções vão te fazer amadurecer e criarão novos jeitos de ver o tal do "amor", na verdade te farão entristecer com a realidade, porque esse jeito aí é único e se consolidou enquanto te liam contos de fadas.
A verdade é que toda a beleza e todo o lirismo estão no sonhar. E todo o sentido consiste na IDÉIA de que entre seis bilhões de pessoas tem um serzinho que vai gostar tanto de você, que aprenderá a conviver com cada peculiaridade sua e será fiel, que te levará a todos os lugares maravilhosos que você sonhava enquanto assistia à algum romance com roteiro medíocre quando era adolescente. Alguém que lê seus pensamentos e cujo sorriso compensa cada passo para trás que você deu.
Mais engraçado que minhas filosofias equivocadas é quando você descobre que esse serzinho é você mesmo.
E muito, muito mais cômico ainda é como você se contradiz. Ao mesmo tempo que tem plena consciência de tudo que foi escrito aqui, alguém que sente atração por você e é correspondido cai na sua vida e você se torna o mesmo idiota sentimental de anos atrás. Afinal, a crença de que os que buscam a solidão demoram pra se cruzar, mas acabam se dando bem quando se encontram por estarem presas a um "eu" bem claro, sempre existiu.
É tudo culpa das novelas da Globo.

quarta-feira, 10 de maio de 2006

Soundtrack: Alpha, "Sometime later"

Era uma vez uma menina cheia de vida e intensa.
Que via poesia em tudo, dançava com músicas intocáveis, invisíveis, inexistentes. Cantava se imaginando diva enquanto girava pelos corredores afora.
Num certo dia, a menina começou a se sentir pressionada porque por um único, um único e mísero instante, ela caiu em si.
Passaram pela sua cabeça todas as situações pelas quais ela passaria dali para frente. Passaram todas as frases ainda não ditas e todas as dificuldades ainda desconhecidas. Passou que ela estava encarando a vida como um amontado de horas mortas, frias, sem sentido. Passou o fato de que ela não poderia se consolar com mil barras de chocolate porque o [até então] sonho dela exigia sacrifícios. Reviu todas aquelas cores de Almodovar e ouviu de novo a trilha sonora daqueles dramas densos de fins de semana num segundo, e ela se achou nos trechos mais medíocres e tristes de cada um. Refletiu sobre a amiga que estava enfrentando problemas de gente grande e sobre si mesma, que estava sozinha dentre outros milhões de problemas, mas de gente que pensa demais. Rezou para que o fim de semana chegasse logo, só para que ela pudesse se acomodar no chão e chorar sem nenhuma voz interna gritar que é preciso estudar Física. Ela imaginou a vida da menininha cuja mãe bateu em casa à noite pedindo um cobertor, que mesmo vivendo uma vida sem perspectiva e vazia à primeira vista, não perdia o sorriso inocente. Não perdia o sorriso. A menininha sorria... sorria por dentro, pareceu.
Pensou em onde está e para onde está indo e só obteve silêncio. E pensou em como tudo que tem feito, parece ser apenas uma tentativa frustrada de deixar as pessoas ao redor cientes de que ela é real.
Ela é real e não quer acordar.