quinta-feira, 31 de maio de 2007

Ode ao desapego

Às meninas pelas metades, ao Tu que li ontem e aos terráqueos terrivelmente cientes disso.

Sabem, é isso. Uma entrega e uma luz que vem de dentro que me derruba e faz maior. Pela melodia, pela letra e pelo não dito: permaneço. E vou me entregando assim, exatamente. Luz da lua, da lágrima, da amelice. Luz em mim, em fim.
E vocês aí d'outro mundo, não tentem me fazer diminuir! O mundo de vocês precisa é de mais "vocês", posso trazê-los, achar bonito, só que acho de longe. Não quero fazer parte. O meu precisa é de silêncio, e eu de pó de breu prá deslizar sem pressa. Daí só quero a beleza... para chorar, chorar de rir, chorar comigo.
Cada momento é uma lembrança de alguém a quem poderia estar unida, e acontece que não quero mais, não, moça.
Não vou pertencer e não me interessa ter forma. Quero continuar partícula carregada prá cá e prá lá pelo que eu vejo. E como o que vejo é praticamente o que sou, vou continuar sendo minha própria fonte de energia. [Como já disse várias vezes] Sendo fantasma de tão viva, sendo muito sendo nada. E sendo sempre e sendo só.

(E a ti meu bem, desejo boa viagem. Que tuas irmãs te façam ver o quanto és lindo, e que entendas que te amo, e que me mantenho MuitoeSó também para ver-te sorrindo na maior parte dos dias - terrestres, que os meus já são puramente o teu sorriso mais sincero... contados em conchinhas!)

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Pugno, ergo sum.

tu, li o teu corpo e arrepiei,
que do teu todo não sei
...mas a multiplicidade me encanta.
[e mata. e justifica.]

sábado, 19 de maio de 2007

Jornada da Alma

Entrei lá cheia de Sabina Spielrein e saí cheia de saudade.
Entre várias palavras, espontaneamente bem cuidadas, foi tão lindo que nos abraçamos verbalmente e um quis ver o outro... me perguntei porque só fica tão claro quando ele bebe um pouco e quando eu dormi bem na noite passada. E já que sono também é entorpecente, quis muito saber porque os dois precisam de estar bêbados para pertencer.
Confessei que por vezes, queria ser uma pedra, mas ele não gostou, prefere os cometas.
Perdidos em confissões abstratas e é claro que me rendi:
Hoje quis ser o mar. Por ser um mundo que ele teme, mas que tocaria com os pés se estivesse mais perto.


quarta-feira, 16 de maio de 2007

Da dor estática no lado de dentro:

Como minha alma está também nas tuas palavras, quando são lançadas e colidem comigo é alma².
Espaço insuficiente para tanto eu!
Aí ocorre uma explosão: lágrimas salgadas e meus lábios franzidos em queda livre até outra gravidade maior abraçar.

sábado, 12 de maio de 2007

Sobre o tempo não-das-horas...

... Mas sobre o tempo gelado que faz sol.
É lindo demais.
Gosto de acordar com a cara amassada, com sono e com a luz do sol bem amarela e bem nos olhos. Gosto de precisar de um moletom apesar da luz, porque sempre disseram que sol e frio não se gostavam, daí vejo que não é verdade, prá sorrir pensando em todas as vezes que defendi os "opostos que andam junto" (era assim o texto?!).
Aliás, essa semana me rendeu um fato engraçado por causa desse post antigo.
Creio que já comentei com alguéns, mas agora admito a todos que, quando tenho que escrever por obrigação, encontram-se trechos de postagens antigas espalhadas. Não é pelo fato de minha inspiração ter hora, mas é que é tão estranho ler para quem não sente, que tento me simplificar com o que já existe. Com o que já existe em mim.
A proposta era remontar poeticamente um desses textos clichês, cujo autor não se sabe e é mais fácil falar que é de Shakespeare... lidos por pessoas que se emocionam com eles no momento, até o último ponto final, quando elas saem da sala para continuar sendo o mesmo tédio de antes.
Não montei nada. Quebrei. Quebrei cada verso a partir desse ponto de vista sobre os leitores de shakespearesgratuitos, finalizando a quebra com frações dos meus limites, meios, opostos que andam junto.
A graça?!
Involuntariamente, insultei mais da metade da sala de aula no meu quebrar (e mais da metade desse mundo, meu deus), entretanto, ganhei mil aplausos e parabéns pela criaç... reafirmação da alma.
Foi aí.
Aí que eu me desprendi.
Não vivo mais o que já morreu... não vivo mais as pessoas como um todo. Vivo as desconhecidas, e só quando há paz em mim, por ter me apaixonado pelo frio que vai chegar, ou pelo mar de julho, ou pela flor cor-de-rosa nova do jardim. Vivo-as quando há espera ou amor maior que eu pelo que já existe e não é humano.
E na tristeza, só vivo quando, já com as sapatilhas nos pés, começo a tocar o chão com elas e sentir as bolhas e ainda assim continuo a tocar, até tirar e ver que os dedos sangram. Vivo por saber que dessa dor não morro. E a escolhi. É, aí eu vivo: é a única coisa que realmente tenho prá perder e não vou. Por sentir que os pés não suportam só as duas pernas, o tronco, a cabeça, os cílios alongados com máscara: suportam também o peso da dor que não se dança.
Aí eu fico aqui. Encantada com o frio que abraçou o sol e com o último texto da Menina ao Meio, embaixo do cobertor de pijamas aguardando julho prá ver o mar.
De pijamas, com os pés cheios de band-aids e esparadrapos... por essa semana eu ter vivido mais que suportava realmente.

terça-feira, 8 de maio de 2007

Última carta compartilhada

"(...) aos montes.

... Em troca, prometo parar de publicar o que te escrevo. Desde quando falei que te daria Eu. Se antes não era de todo verdade, porque qualquer alma um pouco mais doce entendia e me alcançava as palavras, agora é.
Aqui, ó: meus verbos, segundas, terceiras pessoas, reticências, subjuntivos.
Um dia, talvez lhe entregue mesmo. Nesse mesmo dia, vou começar a rezar para que tais palavras te ajudem a se entregar aos quatro ventos, conforme condiz com teu merecimento. E condiz, sim viu?!"

... Agora virou diálogo de um só.

sábado, 5 de maio de 2007

Letrinhas, bourées.

" E ouvi de uma Poulain para ouvir a mim. Estive lá... nem que tenha sido apenas com letrinhas.
É teu.
O alfabeto inteiro é teu.

Caso algum dia, você volte a achar que foi um peso prá alguém, me chama.
Talvez, da próxima, eu tenha coragem de te dizer que não tem como ser verdade. Não tem, querido... você e esse silêncio que você carrega... sem mudar nada de lugar, são êxtase, dor, perfeição. História. Sentimento. Pode ter certeza de que, caso sentimento e história pesem, quem respira pode carregar sozinho, ou seria pó e cinzas.
E quando estiver sem tempo, me chama, porque te mostro que tempo é a coisa mais subjetiva do universo, então eu posso te dar, junto com o que sobrou de mim."

quinta-feira, 3 de maio de 2007

"Direta. Sem atemporalidades...

... e só não digo sem subjetivismo porque aí não seria eu dizendo.
E o que quero dizer, agora, na verdade, é sem propósito. Arte(?) pela arte. Escrita pela escrita. Saudade por si, em si.

Não ligo pro que você faz, só tenho medo de você ter fugido e ninguém me dito nada. (Duas semanas... duas semanas!). Sinto falta da tua pessoa.
Encaremos os fatos: não sou deste mundo e nem você.
Preciso te falar pra ver Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera, porque ninguém mais me deixa extravazar, ninguém entende! Aliás, nada garante que você também deixa... mas é você o raro absoluto dentro de mim. Então, garanto eu. E me entrego.
Em meio a sonhos interrompidos, Nietzsche e cartas de amor não sei de você, só que é tudo você. Sim, nunca te disse que você é um sonho? É um sonho e é meu... porque jamais compreendi ou soube o rumo dos meus sonhos, e sempre fui fascinada por eles. Queria tocar.
Além do mais, o mais profundo de mim sabe que, eventualmente, vou sonhar tudo de novo. Vou sonhar você de novo... é só aparecer e dizer "oi" que te mostro.
É Nietzsche por... pelas versões e distorções, por não deixar claro nenhum existencialismo ou metafísica e acabar sendo esse tanto de sei-la-o-quê que adotei de uma forma ou de outra. Adotei o "Ciclo do Mesmo", um niilismo aqui e ali...talvez numa tentativa implícita de te achar, porque te adotei como saudade. Por si, em si.
Queria que o telefone não tivesse tocado pra eu acordar. Nessa altura, queria que você não tivesse me tocado prá acordar acabando o que mal começamos naquele dia.
Que fôssemos uma mera questão estética. Que não soubéssemos de nós mesmos."