terça-feira, 24 de julho de 2007

E a vejo certa de que encontrou o amor de sua vida.
(Ele toca o interfone e saímos nós duas - ela num estágio de euforia desesperada que me faz trocar olhares com as paredes e o chão... É verdade, encontrou o amor de sua vida.
Seu Orfeu de olhar cansado faz monólogos dos seus problemas, esconde-os e, como jamais ousei tentar, transforma o ar dela: agora cheira a algodão doce.
Meio-sorriso em mim. Meia-volta. Quero achar bonito mais de longe e sem interferir no arco-íris infinito que cabe no mínimo de espaço entre aqueles dois.
Assento na escada e o teto me chama... e me lembra da voz tão igual à do meu primo que, entre um monossílabo e outro, soube se fazer viva em mim como aquele arrepio a cada"eu te amo" inevitável e proibido que trocamos.
É, ainda que eu vá ficar envergonhada e tomada pela quietude oriunda dessa minha necessidade absurda e frequente de sentir saudades até quando estamos conversando, queria esbarrar com ele por aí e lhe falar.
O acúmulo de saudade me fez mais derretível e certa de que não temo relacionamentos como antes, por tê-lo tido pra querer ficar comigo pra sempre. E eu sei, qualquer instante de transe leva parte de mim pro lado dele e sussurra assim: "Você pode beber demais, desaparecer, ocupar a reitoria da universidade que for, que sempre vou cuidar de ti e nada toma teu lugar".
Enquanto poso de santa pra ter a chance de ser silenciosa do teu lado, continuo achando os dois bonitos no portão sendo silenciosos juntos, cientes da grandeza do ato.
Enquanto o pensamento é fixo em você, sorrio e ignoro o óbvio... estamos nós quatro ainda meio em pedaços.
Enquanto o pensamento é fixo em você, sou só Nostalgia e viro uma poça de suor.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Desabafo que muitos já cansaram de ouvir...

Mas é que também cansei de ouvir de uma das pessoas mais importantes na minha vida que a dança não leva a nada...

Eu me recuso a crer que vivi uma mentira por anos.
E como a Mari diz, caso tenha vivido, não me arrependo porque das mentiras, a arte é a mais verdadeira.
Se falo em "viver", é porque só fui fazer isso direito no dia que acordei e fui dançar. Nunca vai me doer falar isso.
Há alguns dias, alguém que admiro muito veio me procurar e dizer que estava orgulhosa de mim. Desde esse dia, me provei mais uma vez que jamais precisava duvidar do quão longe eu posso ir... ter meu amor, fascínio, estilo de vida declarado e notado assim, sem precisar palavrear nada, mais que um objetivo, foi algo que fiz pouco a pouco, respeitando meu tempo e conciliando corpo e alma. Ninguém me tira isso... podem me chamar de louca e inconseqüente e o resto, que ser o que sou hoje por ter olhado pra mim mesma e me escutado está acima de qualquer incompreensão dos outros.
Você, pai, me disse que eu não seria bailarina da forma mais rasgada do mundo. Me deu o choro, a dor de cabeça... mando minha revolta pro inferno e o que te dou de volta, são os vestígios dela manifestados nessas linhas e a garantia de que será a última vez que se manifestam.
Sei que estávamos ocupados demais. Enquanto eu criava maneiras de ir me desprendendo de ti, você se ocupava de dar toda sua compreensão pra filhos de outras pessoas. Sei que não nos conhecemos como poderíamos, hoje eu quis mudar isso ... só não quero mais porque te dar a oportunidade de me ver claramente seria murchar um pouco... Seria abandonar tudo aquilo que concluí e em que me agarrei sem precisar tanto de ti, porque estaria absorvendo a sua maneira de pensar, e ela é mais intolerante que a minha.
Não posso.
É uma vontade maior que eu a de continuar me ouvindo e motivar quem se aproxima a se ouvir também... uma vontade imensa de agarrar a oportunidade de ser o que quiser, e não resumir uma vida em faculdade de direito e medicina, 8 horas de trabalho previsível, casamento com o sexo oposto (claro, desde que seja cristão, mais rico e racional) e filhos que brincarão de video-game, passearão na Disney e um dia fumarão maconha pra experimentar.
Queria muito me sentir culpada por criar laços com os únicos, perdidos, que já enfiaram o dedo num pote de tinta prá colorir a vida e ainda enquanto crianças, já haviam ouvido atentamente os traços de compaixão, amor e saudade nas situações restritas a seus mundos ainda pequenos (que, mais tarde, fizeram-lhes compreensivos, abertos, fortes e inquebráveis)... só que não dá, não... você desculpa a minha falta de culpa? =)
Porque eu te amo além da sua falta de crença.
Talvez daqui a alguns anos eu vá ver que seja, sim, falta de humildade, rebeldia, ignorância da minha parte... mas é que agora, soa como ...
vontade de ver florescer.
Só não me desculpo MESMO é por sonhar apesar de.

terça-feira, 10 de julho de 2007

A cabeça meio baixa encostada no ombro com o meio sorriso.

Porque quando a gente sentiu, sentiu e sentiu sentindo sem gritar pro mundo, quando finalmente decidimos dividir, vem um receio, até meio doce ele, sabe?!

E por isso não consegui distinguir um bobo e um apaixonado de mim.

Percebo que meus posts vão assim, ficando cada vez menores enquanto vou me esticando verticalMENTE, até que consiga me dobrar um segundo, voltar pra mim por dois, me explicar de novo. Tento:

Boba, apaixonada e eu. Como nunca.

Só tinha de ser com você. Por você, quem sabe.

Só tinha de ser com ela, no pas de trois simultâneo à minha tentativa de declaração de amor eterno por gestos, sentidos e olhares.

Só tinha de ser com aquela vontade, estampada na lente, que sufocava e era maior que a respiração cansada que já me doía na hora do aplauso. Por ela, com toda a certeza do mundo.

Tudo feito de azul, então.

Com um sorriso no rosto, morando nesse azul: eu sem nunca mais querer tocar o chão.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Só tinha de ser com você

Porque a moça no palco ontem não era a amiga do Otávio, nem da Mariana.
Nem a que briga com a força muscular todo dia, não era a que sempre quis uma declaração daquelas ao pé do ouvido e quando teve, não se permitiu.
A moça de ontem se fez Vento pela melodia e se fez melodia pelo toque num casamento consigo mesma, solando por todo(s) o(s) seu(s) eu(s) e por todos.




E foi musa do Tom...