quarta-feira, 13 de setembro de 2006

A saga de Nathalia em busca de um lugar na platéia do Grupo Corpo


O pior de tudo... estes são fatos verídicos!!!!!!!!!!!!!

O Grupo Corpo é minha companhia de dança preferida desde que vi a obra Lecuona ano passado. Nunca havia encontrado nenhuma outra com uma movimentação com que eu me identificasse por completo... até aquele dia.
Prometi pra mim mesma desde aquele ano que jamais perderia algum espetáculo deles. Pena que para cumprir, foi difícil, viu..
Primeiro:
Anunciada a tournee pelo Brasil que começaria no dia 8 de setembro, antes do meio do ano. Agilizei em juntar a turma e combinar de ir. Combinamos.
Uma semana antes do grande dia: nossa motorista desistiu.
No dia seguinte tento organizar uma excursão com alguns bailarinos de onde eu danço. Minha professora de ballet diz que vai organizar.
Ela esquece.
Conto para minha amiga que se comove (?) com a minha história e diz que a mãe dela nos levaria e que ela compraria ingressos no dia seguinte.
Não comprou. E a mãe dela não ia levar ninguém.
Meu amigo tira onda dizendo que ele vai poder ir ver o espetáculo sem pagar nada e eu não, porque ele tinha "contatos".
Dou a idéia novamente para minha professora. Ela gosta.
E não faz nada DE NOVO!
Conto toda a história para a Juliana, que rapidamente se anima e convence a mãe dela de ir também e nos levar (reparou que se eu tivesse procurado ela logo no início eu não precisaria de passar por nada disso que eu escrevi aí em cima?)
Juliana deposita dinheiro do ingresso para o tio dela poder comprá-los pra gente.
Ingressos esgotados para todos dias.
Tudo estava perdido quando... Palácio das Artes abre seção extra na terça-feira!
Consegui o melhor lugar do Teatro.
Meu amigo me conta que não pode ir de graça e só conseguiu ingressos pelo dobro do preço que eu paguei.
Adivinha quem tirou onda aquele dia? *sorriso muito sádico*
Ele diz que vai de táxi.
Terça, dia do espetáculo: a mãe da Ju desiste de ir.
Terça a tarde: rezei e convenci a todos que eu poderia ir a Belo Horizonte a noite de ônibus.
Resultado: vamos no ônibus das 18h.
Chego a rodoviária e ela não estava lá.
Acontece que minha amiga Ju mora em outra cidade próxima, e no caminho ela pegou estrada em obras e dois caminhões imeeeeeensos a sua frente.
Perdemos o ônibus.
Ela chega a rodoviária e eu quase tendo um colapso nervoso.
A moça que trabalha lá disse que o próximo ônibus era às 19h e que não poderia trocar as nossas passagens pelo ônibus de 18h30min porque era de outra empresa.
Eu faço minha cara de piedade e começo a chorar (poxa, é o GRUPO CORPO!).
A moça troca as passagens finalmente.
No meio do conflito, quem aparece lá do nada? MEU AMIGO!!!!!!!!!!!!
Eu saio correndo em direção dele e ele me deu um abraço e me levantou e me rodou e foi igual cena de filme.
Somos 3 adolescentes saltitantes.
Na hora de entrar no ônibus, o motorista não aceita nossas passagens trocadas.
Torramos a paciência dele até ele ir lá falar com um outro cara que nos deixou ir, sim.
Já na estrada, até mesmo depois da cidade da minha amiga, quem sobre no tal ônibus??? o Cláudio!!!! Ele dançou comigo por anos e foi o mágico do meu espetáculo no ano passado! Não sei de onde ele surgiu até agora!
Ele vira e diz que se a gente tivesse ficado para o ônibus da 19h (e lembrando que isso implicaria em: trocar as passagens sem preocupações, não ter problemas com motoristas de ônibus, eu não passar vergonha com a mocinha da rodovíaria) a gente chegaria mais rápido, porque o caminho era diferente.
¬¬'.
20 minutos antes do espetáculo: "Três criaturas eufóricas vs. Tráfico da Avenida Afonso Pena Em Plena Capital do Estado" correndo desesperadamente para entrar na grande fundação Clóvis Salgado.
15 minutos antes: WE DID IT!!! \o/
10: nossos ingressos eram para a fila A, nós a encontramos e um infeliz disse que aquela era a fila B. Pior: eu conhecia esse cara da minha antiga escola... sim, numa outra cidade com MILHÕES de habitantes num espaço com MILHARES de lugares, eu vou me sentar ao lado de um jovem do meu passado que não sabe como o alfabeto funciona.
5: descobrimos que a fila B era a A, olhamos torto para o rapaz e nos sentamos.

Aí começou... o espetáculo e o post de hoje!!!

Companhia: Grupo Corpo
Espetáculos: Missa do Orfanato e Onqotô

A coreografia "Missa do Orfanato" é uma remontagem da peça original criada há dezessete anos, cuja trilha é a obra de Mozart escrita por ele aos doze anos.
É um espetáculo denso.... "bailarinos ritualizam o desamparo, o temor, o afligimento e a solidão inerentes à natureza inapelavelmente terrena e transitória da espécie humana".
Claro, são totalmente perceptíveis as peculiaridades do Rodrigo Pederneiras ainda assim e a surpresa vem exatamente daí: é preciso um GÊNIO para se fazer uma movimentação contemporânea dentro de uma musicalidade que, normalmente, não pediria isso e conseguir coerência e beleza.
A interpretação da Danielle Ramalho estava IMPECÁVEL...
Após Missa eu já estava extasiada. Sem saber o que iria me aparecer depois do intervalo...
O espetáculo Onqotô é a criação mais nova da companhia. A trilha foi feita pelo famoso cantor e compositor brasileiro Caetano Veloso... e é simplesmente uma das obras mais lindas que eu já vi.
A abertura é um sapateado com todo o elenco e no cenário, criativo, maravilhoso como sempre, dava para ver as sombras deles atrás... o efeito foi MÁGICO. Havia momentos em que parecia que os bailarinos estavam surgindo do nada (obs: eles devem conhecer o Cláudio e esse surgimento não iria se distanciar muito da temática caso fosse real, haha).
Os questionamentos que todo mundo se faz em algum momento, sobre a grandiosidade (ou a falta dela) de cada um de nós diante do Universo.. estão todos ali, em cada gesto mínimo, e em cada olhar que fosse...
Uma parte surreal foi quando um bailarino, nu, sentado fazia movimentos com as costas e por mais simples que isso soe era impossível desvendar aquilo. Enxergava-se um mundo numa parte de corpo... não tem explicação.
E os dois duos, um masculino e feminino e outro feminino, que desafiavam a lei da gravidade, força, com a expressão mais sutil que existe...





Primeiro ingresso que guardei na minha caixa a la Amélie Poulain ;)

Um comentário:

Otavio Cohen disse...

uuf... mas é claro que essas coisas sempre acontecem no momento errado, neah. e no momento mais certo do mundo. vc tem uma historia e tanto pra contar, agora. e vc amou o espetáculo. eu estou indescritivelmente feliz por esse momento e só nao gostei mais porque vc não tinha uma câmera pra filmar tuuuuudo, tuuuudo, tuuuudo. mas é claro que eu vou usar a sua epopéia como idéia pra um roteiro. yeeeeeeeeeeash.