quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Simulacro de uma solidão que encontrou você.

E assim, com todo o ano passado entre as mãos e tanto sentimento ali, no céu da boca, para quando eu te encontrar, confesso ter matado Sophia.
Não foi por querer, nunca na vida eu saio substituindo pessoas por aí, no meu riso tomado por quão engraçado é o passar do tempo. É só que você já nasceu mais vivo que ela e não havia como passar despercebido: eles tentaram tirar as sapatilhas de mim, e enquanto procurava uma fonte de luz temporária, te vi.
E permaneceu... você...
Depois que te toquei uns segundos, uns momentos, virou fonte eterna... você.
Meu corpo segurou a alma de novo, obrigada. Não estava medindo esforços para fundi-los como naquele dezembro, obrigada. Há aqui minha humanidade de volta, agradeço. Aqui estamos. E embora eu seja uns traços de caos prestes a atingir a terra, e embora quando atingirem-na eu vá espalhar o tremor aos quatro cantos só pelo que você está fazendo dentro de mim, no primeiro relapso de sanidade eu vou te ver passar. Vai virar dia, vai ficar tudo bem. Dentre tanto que me ensinou, uma coisa que aprendi é que vai ficar tudo bem.
Se tiver nós dois. A gente enloquece, sente a culpa e a ausência e o medo, mas aí acontece o abraço. Energias trafegam numa velocidade, ânsiamor enormes... você desvenda os sentimentos no céu da boca.
Por tua causa, agora têm medo do escuro.
Matei Sophia num conjunto de manhãs de janeiro, começando pelos pés. Num conjunto de tanta gente e suas vidas, perdidas entre tantos cheiros misturados e melodias sem nexo - cada um com a sua. Entre Kant e Brasil República, a inocência e a autoria de um assassinato cabiam a mim. Há aqui minha dualidade de volta, agradeço. Obrigada. Eu te amo. Você é a coisa mais linda do mundo quando acorda.
Por tua causa, minha dualidade já não é mais escura. Por tua causa, as manhãs me dizem tanto, mesmo sem nenhuma nuvem de algodão doce colorido.
Por tua causa, passei a abrigar Vênus por dentro.

5 comentários:

Anônimo disse...

Sabe o que é? Eu fico aqui pensando como pode uma pessoa escrever tão bonito. E tão bem escrito, eu digo, esteticamente, filosoficamente, amorosamente, intensamente e em todos os infinitivos do mundo.
É que tem tanta coisa aí que eu queria dizer e não dá mais, fico até besta. Pois leio de novo e de novo e de novo até entender que enfim, as manhãs dizem muito, mesmo se forem de nuvens cinzas, sem algodão-doce colorido.

* "Não-ter pode ser bonito, descobri". E eu agradeço por isso também.

* Caio, sempre! :)

Otavio Cohen disse...

me ensina a comentar um texto todo-emoção que nem esse.

não chame de assassinato.
é sacrifício.
martírio.

é vocês pra sempre.

~§~ disse...

*de queixo caído*
Nossa, vc me faz sentir medíocre. Hahaha.

Mas digo isso com aquele sorriso besta: menina, já pensou em escrever um livro?
Vc é puro talento.

Sinto apenas que sua melancolia seja verdadeira. Infelizmente é dela que tiramos os mais belos versos e palavras. Mas tudo vai ficar bem...de verdade. Sempre fica.
Beijos! Vc é arte.

sblogonoff café disse...

Ei! Bom, acho que você me viu assim de carne e osso só uma vez na vida, perto da Ilha do Milito enquanto o resto do mundo acontecia. E eu só sei que era você porque liguei pro meu irmão em Minas (Otávio) e perguntei quem era a garota, provavelmente bailarina, que escrevia como se estivesse dançando. Menina, seu estilo, sua verve, suas construções poéticas e estéticas,seu português refinado, vixi Maria (...) Como alguém disse aí em cima, eu também me senti medíocre.
Que o Sopro de Eves conserve isso em seus passos e suas palavras!
Para sempre.

Anônimo disse...

Olá, o Texto é lindo
Amo Caio
Bjuss