quarta-feira, 25 de abril de 2007

Atemporalidade (mas nem tanto) - carta III

" Dreamland, faz uma semana que te vi e que me derreti no seu abraço.

Sabe o que me encanta?

O que nos liga transcende a dor, a história e o contexto. Nós dois somos promessas.

É isso.

Eu quero olhar nos teus olhos e dizer que sou mais feliz desde que você entrou na minha vida, porque nós somos duas promessas.

Promessas de cinema, de dança, de eclipses, de amores mal-resolvidos, dos futuros, de letras, de casos, de família, de faculdade, de fotografia, de pontos de vista e de reencontro.

A gente é tão um pouco de tudo que é nada sendo muito. Ao ser muito, a gente se confunde e faz pouco. Somos culpados. Culpa é dor, e dor nos torna mais ainda.

Nesse ciclo, no auge do meu cansaço, quando eu mais que nunca quis transformar isso em paz, eu te vi. Não foi preciso querer de novo porque a paz veio no fim daquela noite.

E no teu “feliz aniversário” tímido.

Na tua fotografia tocando violão. E naquela com tuas irmãs.

No teus segredos poucos que eu sei.

Naquele dia em que eu liguei e você foi.

Agora que a calma chegou aqui, sigo fazendo o bem pros outros com o que consigo dar de mim.

Geralmente é sorriso. É texto. Só é intocável quando é dança e quando é poesia.

Mas pra você ... eu me dou inteira. O tocável e o metafísico. E você nem sabe.

Leminski disse pra você pensar e te parecer, ou vou te inventar pela eternidade.

Então pense e te (a)pareça, porque não ouso te inventar . Acredite, nem sequer chegaria aos pés da realidade, pela primeira vez em toda a minha vida..."

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Dezesseis. Dezessete. Mais um. Mais outro. Dois.

Abril é lindo.

Todo dia 16 eu faço mais um ano como bailarina.

Todo dia 16 é mais um mês que conheci quem me dá inspiração para escrever posts como os dois últimos.

Todo dia 18 eu faço aniversário.

Todo dia 29 é dia da dança.

O que eu tenho pra dizer é que tenho orgulho de mim e que me amo.

Sabe, eu costumava ser um pedaço de gente que se perguntava demais e era apaixonada por tudo e tinha vergonha de sorrir, já que os dentes da frente eram separados. O que hoje me faz olhar pra trás e querer me encontrar criança, só pra dar um abraço, é o tanto de vida que cabia entre os intervalos das minhas perguntas, da minha paixão e da minha vergonha.

Agora eu sei. O que me tachava de incomum e até de lerda era a minha solidão, a solidão que eu assumo hoje.

A verdadeira, como Clarice sabe bem. Aquela que só quer o bem dos outros, a solidão cuja quietude é um não-saber imenso ... você fica tão grande que não sabe o que fazer consigo e fica ali. Parada. Achando tudo lindo. Achando lindo ou morrendo de dor. Os dois quando dá sorte ... pra se encontrar em algum momento e ir dançar tudo mais tarde. Ou escrever. Os dois quando você se encontra e se perde e te cabe.

Eu me perdi.

E por ter me perdido, a minha quietude é livre. Minha liberdade é quieta. O meu não-saber é puro eu.

O orgulho que tenho de mim está na vez que eu não contei pro meu pai do meu primeiro namorado, porque me dei conta do amor que sentia (pelo pai, é claro, eu tenho cara de quem ama quem interpreta silêncio como depressão?), que qualquer situação que poderia fazê-lo sentir um pouco menor, eu chutei do mundo dele.

Está no dia em que comecei a dançar ballet sem ninguém saber. Porque a força que eu adquiri, a cada dia em que eu rodopiava quando não devia e morria um pouco enquanto poderia estar vendo tv, fez o peso de eu não ter nascido para ser mais uma, uma alegria enorme.

Está em tudo que eu faço só pensando no meu sonho, enquanto eu vou catando e esbarrando em pessoas pelo caminho até me tornar frações de cada uma.

Gosto de mim porque sou Nathália e agora tenho dezessete. Eu mordo, abraço, choro de rir e minha vida é um grande musical amelístico, cheio de bolinha de sabão e chocolate, não só por eu ser devota do que eu fui , mas porque nunca deixei de ser.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Atemporalidade - carta II

"Dreamland, o mês é o mesmo e choveu ontem. Acho que a aula é de Física. Parece que um campo elétrico é capaz de realizar trabalho...

Te ver de novo foi dúbio.
Há tempos não segurava o choro daquele jeito, há tempos não me perguntava se as lágrimas seriam de desespero ou êxtase da felicidade pura.
Nunca um abraço me doeu tanto e "tanto", é uma intensidade que nunca havia sido perfeita para descrever minha espera por um abraço. Agora é insuficiente.
Você existe, aí, do seu jeito. Respira, dorme e qualquer esforço seu me prende. Quero ficar na sua vida para sempre, seja como for. Como a menina que por vezes tenta esquecer que você vive e não consegue achar, além da sala de dança, espaço mais lindo para cabê-la que seus olhos. E seu meio-sorriso. E seus momentos de silêncio.
Você existe aí e do seu jeito, assim como eu, é um poço de dúvidas. É perdido e é minha perdição. Por mais que as chances de você admitir, num estado sóbrio, ao menos, que quer me tocar de novo sejam nulas... obrigada por me deixar te olhar.
Olho e me apaixono pela suaexistênciadoseujeito, seu sono, sua respiração e seus erros.
Olho e não te vejo por inteiro, Eu do Lado Avesso. Mas todo e cada pedacinho seu... eu amo."


sexta-feira, 6 de abril de 2007

Atemporalidade - carta

"Dreamland, algum dia do mês do meu aniversário, era pra ser outono e o ano não importa.

Já posso dizer que te amo, embora quisera não poder.
Deveria ser igual das outras vezes: enquanto tenho você perto faço o oposto, e quando tenho longe, não faço nada.
Não é.
Sabe, eu queria te agradecer. Não simplesmente porque você existe nesse mundo e no meu, mas por você ter me ensinado a amar da forma mais solitária que experimentei. Da forma mais quieta. Toda a minha indiferença nas suas provocações não é tristeza, não é dependência, é simplesmente uma manifestação do meu desejo de te deixar ir. Eu quero que você vá e receba todo tipo de intensidade que se conhece, só para você voltar maior, tão grande que vai querer me contar sua vida, finalmente.
Eu te amo da forma mais quieta porque tudo que bastou para eu me apaixonar coube em alguns segundos... e você nem disse nada, só olhou. Eu te amo quando não entendo o tempo e quando tudo o que eu espero, espero só de mim.
Não quero parar. Imagine que nada do que me transmite é doce demais, é só um ponto de interrogação, reticências, talvez, e isso é suficiente para querer te abraçar uns quinze minutos.
Agora te vejo nas melodias, nas letras, nos roteiros, no ócio, no álcool e na história do Pierrot e da Colombina. E o que eu queria mesmo... ah, era te ver por inteiro, Eu do Lado Avesso."