sábado, 5 de abril de 2008

Uma moça de all star porque é legal, um menino de all star porque ele gosta. Cotidiano filosófico - cresço.

- E você, tá lendo é o quê?
(Como se não tivesse sido uma maneira de interrupção de fluxo de tudo que sentia - e era tudo, era tudo... - virei pra ela a capa d' O Lustre)
- Adoro Clarice.
(Ela afirma. Não-fluxo.)
- Acabo um livro dela e já começo o outro.
(Ela não precisava saber disso...)
- Eu também.
(Será? Vivo um livro e o ciclo se expande no seguinte. Hesíodo! A ring composition dos gregos - tempo na palavra e tudo é circulo - sou eu de lis-no-peito: as primeiras palavras brotam de novo e maior. Retornam, retornam quando a essência pede, grudadas. Palavras para que o mundo se revele. E entrelinhas. Aqui basta. )
- Lihápoucopertodocoraçãoselvagemeeu... silêncio.
(
E se todos os teus risos histéricos fossem de verdade, e as suas palavras... se você me fosse real e se tua curiosidade fosse sentida até que latejasse, eu me enxergaria nos teus gestos enquanto fala e ah, flores-de-lis nos seriam como aureolas e um tridente.)


Vim aqui para não pertencer do jeito mais completo. Que o completo chege, que o "ser alheio a" já é.
Dor de leve.

~º~

- É, aqui não tem "A República" mais. Vamos ter que ir ao outro prédio.

(Outro prédio. Placa indicativa da biblioteca a nossa frente)

- Ih, mas onde é aquilo, hein?!
- Sei lá.

(Círculo de novo, descidas de escadas, visita involuntária e acidental ao Centro de Extensão da faculdade, mesmo lugar.)

- Mas tava aqui o tempo todo! A placa!

(Adentramos.)

- Acho que o livro deve tar por aqui.
- Por ali, não?!

(Enquanto não era em nenhum dos dois e eu esquecia a bolsa lá fora e ele não percebia)

Para PERTENCER do jeito mais intenso! Nos teus gestos, nos perdemos juntos... eu. A sutileza abraça a gente na próxima obra, no próximo encontro, quer ver?!

~º~

- Como vai a sua vida?
Abraço.

(Em cada visita à biblioteca - são mais quase quatro anos e vamos estar juntos, eu sempre soube - nos perderemos entre as prateleiras. Passarão os anos. Aristóteles, Kant, Heidegger ou nenhum. Nós dissolvidos em prateleiras. E se eu te dissesse o sorriso meu quando tem você à porta da sala? E quando vai embora mais cedo com aquela liberdade-ou-até-arrogância universitária que nos deixa levantar e sair antes de Heráclito acabar de unir seus opostos... parte de mim é submissa a ela e vai, vai junto.)

Vim aqui porque até o Muito é questionável. Olha isso...

(Eu amarraria teus cadarços...)

7 comentários:

~§~ disse...

Você consegue manter sua vida num interessante misterio...

Beijos, que bom que atualizou. =)

Joaquim Amândio Santos disse...

a escrita revela aqui um pujante duelo com a realidade da transcendência.
sem concessões ao superficial.

pp1993 disse...

incrivel seu blog! muito bom. É sublime a maneira como trata dos mais variados assuntos.
beijos

Renato Ziggy disse...

Eu tô besta em como sua escrita amadureceu em tão pouco tempo. É nítida essa sua busca pelo entendimento de si e do que está fora e/ou além de si. Bravo! Bjos...

Renato Ziggy disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Erivelton Cardenas disse...

Olá, Nathália! Sua entrevista acaba de ser publicada. Dê uma passada lá e veja o que achou.
Atenciosamente,
Erivelton Cardenas

ricardo aquino disse...

Alguém me indicou suas palavras como terapia alternativa para dias cinzas. Acho que me apaixonei até pelas vírgulas. Agora ando me perguntando "comos e porquês"! Acho que seja provável que Muito e até o simplesmente o bastante sejam questionáveis!


obrigado pela terapia!
ricardo aquino