- E você, tá lendo é o quê?
(Como se não tivesse sido uma maneira de interrupção de fluxo de tudo que sentia - e era tudo, era tudo... - virei pra ela a capa d' O Lustre)
- Adoro Clarice.
(Ela afirma. Não-fluxo.)
- Acabo um livro dela e já começo o outro.
(Ela não precisava saber disso...)
- Eu também.
(Será? Vivo um livro e o ciclo se expande no seguinte. Hesíodo! A ring composition dos gregos - tempo na palavra e tudo é circulo - sou eu de lis-no-peito: as primeiras palavras brotam de novo e maior. Retornam, retornam quando a essência pede, grudadas. Palavras para que o mundo se revele. E entrelinhas. Aqui basta. )
- Lihápoucopertodocoraçãoselvagemeeu... silêncio.
(E se todos os teus risos histéricos fossem de verdade, e as suas palavras... se você me fosse real e se tua curiosidade fosse sentida até que latejasse, eu me enxergaria nos teus gestos enquanto fala e ah, flores-de-lis nos seriam como aureolas e um tridente.)
Vim aqui para não pertencer do jeito mais completo. Que o completo chege, que o "ser alheio a" já é.
Dor de leve.
- É, aqui não tem "A República" mais. Vamos ter que ir ao outro prédio.
(Outro prédio. Placa indicativa da biblioteca a nossa frente)
- Ih, mas onde é aquilo, hein?!
- Sei lá.
(Círculo de novo, descidas de escadas, visita involuntária e acidental ao Centro de Extensão da faculdade, mesmo lugar.)
- Mas tava aqui o tempo todo! A placa!
(Adentramos.)
- Acho que o livro deve tar por aqui.
- Por ali, não?!
(Enquanto não era em nenhum dos dois e eu esquecia a bolsa lá fora e ele não percebia)
Para PERTENCER do jeito mais intenso! Nos teus gestos, nos perdemos juntos... eu. A sutileza abraça a gente na próxima obra, no próximo encontro, quer ver?!
- Como vai a sua vida?
Abraço.
(Em cada visita à biblioteca - são mais quase quatro anos e vamos estar juntos, eu sempre soube - nos perderemos entre as prateleiras. Passarão os anos. Aristóteles, Kant, Heidegger ou nenhum. Nós dissolvidos em prateleiras. E se eu te dissesse o sorriso meu quando tem você à porta da sala? E quando vai embora mais cedo com aquela liberdade-ou-até-arrogância universitária que nos deixa levantar e sair antes de Heráclito acabar de unir seus opostos... parte de mim é submissa a ela e vai, vai junto.)
Vim aqui porque até o Muito é questionável. Olha isso...
(Eu amarraria teus cadarços...)
7 comentários:
Você consegue manter sua vida num interessante misterio...
Beijos, que bom que atualizou. =)
a escrita revela aqui um pujante duelo com a realidade da transcendência.
sem concessões ao superficial.
incrivel seu blog! muito bom. É sublime a maneira como trata dos mais variados assuntos.
beijos
Eu tô besta em como sua escrita amadureceu em tão pouco tempo. É nítida essa sua busca pelo entendimento de si e do que está fora e/ou além de si. Bravo! Bjos...
Olá, Nathália! Sua entrevista acaba de ser publicada. Dê uma passada lá e veja o que achou.
Atenciosamente,
Erivelton Cardenas
Alguém me indicou suas palavras como terapia alternativa para dias cinzas. Acho que me apaixonei até pelas vírgulas. Agora ando me perguntando "comos e porquês"! Acho que seja provável que Muito e até o simplesmente o bastante sejam questionáveis!
obrigado pela terapia!
ricardo aquino
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