sábado, 26 de fevereiro de 2011

S.

Passar anos sozinha, entre relacionamentos fictícios, idealizações. Querer carinho espontâneo no meio da rua do nada, amor enlouquecedor daqueles que, se precisar, largam tudo sem hesitar por saber demais onde a plenitude está, daqueles prontos a morrer por tudo. Isso eu quis. Ela não era nada disso, mas e daí?!

Quando aconteceu, a plenitude tava em outro lugar. O rostinho dela inchado quando dorme, o cabelo enrolado, a carinha de menino levado, cheiro. A irmã que me tratava bem, a casa que eu nunca tive.
O que se faz quando um namoro termina mas só sobra amor? Não tem raiva, não tem mágoa, só amor pela historia inteira, pela vontade de querer continuar, de fazer de tudo quanto for possível, até o fim. E agora? Pra quem eu dou? Ligo pro outro pra terminar o que começamos? Transformo em que? Faço o que? Me deixo enfartar? Não me movo e não se divide amor por amor mesmo.
Amor-em-amor, auto kata auto, diriam os gregos: em si, por si.
Não se insere no tempo, não passa.


- Nobody knows me
As well as you do
You know how hard it is for me.

Me consumo em saudade.


Não passa.

Um comentário:

Insolente disse...

Os términos inutilizam os nossos sonhos e esse amor que permanece, latente. Tão inútil e tão necessário um amor que não se dá! Pra mim o jeito mesmo é guardar...e deixar a cor contaminar as novas histórias, a continuação da renda.