terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

O dia é bonito

e tem sim um ar de mudança.
Entre aquelas luzes todas, os sons, os cartazes de tarô com promessas de amores, meu deus, ainda não pertenço de todo. Porque mudança é assim, né?! As possibilidades entorpecem e até a dona humilde que tem um filho que estuda numa escolinha primária te assusta, já que te dirigiu a palavra no ônibus, quando você ainda não se tinha preparado para dialogar com a realidade naquela manhã. Não tinha: eu subi a escada e ele desceu. 2 milhões de habitantes; nenhum compromisso marcado um com o outro, mas enquanto ele descia eu subia, e não tinha o que dizer além de um abraço rápido que poderia ter sido maior, como ode a tudo que causou dentro de mim até o mês passado. Agora não dá mais tempo - nem de idealizar o reencontro e nem o tempo da gente. Acabou. Realidade iniciou um monólogo que levou de mim o moço da escada, e, de forma inédita não deixou doer: sim, era apenas um moço na escada, e tudo além de uma imagem masculina apressada com o telefone nas mãos morava era em mim, n'era nele não.
O dia bonito passa. Às vezes azul-azul, hoje foi cinza e teve gotas (pra mim ainda são 16 de fevereiro, é por isso que o tempo varia tanto, quando as horas são mortas ) e o post passado já não faz mais sentido. Aquele de lá, ah, a gente não se encontra em escadas. Estamos os dois no mesmo plano, e ainda assim a gente se encontra longe, no auge de todo o sentimento que me mantém respirando sem pressa. Não sei como um princípio de equívoco torto me fez crer que o Monólogo levaria aquele que amo ali, no ápice. Minha realidade é do lado de dentro, e não posso nem dizer que sinto muito por isso com tom de culpa. Digo que sinto muito, apenas. Sorrindo.
E eu amo como menininha de 4 anos encantada com o primeiro amiguinho da sala que valesse a pena e valesse sem critérios prévios, por amar puro que só - os estereótipos é que são infantis. Amo como velha e suas poucas recordações: numa mente sustentada por nostalgia, o transitório caiu ao vão há tempos [ e entre o vão e você, existe eu. E futuro sem sua presença não existe não.
Só queria te dizer...] e remanesceu apenas tudo que foi cru.
Naquela tarde de 16, eu tirei as sapatilhas e fui tomar um banho e todo meu cansaço e nossa história, que naquele dia fazia um ano, me guiaram pro portão da tua casa. E o que ficou, meu bem, ah, se eu achava que tudo o que você viu ia nos fazer desencontrar, agora tenho a certeza de que a maneira com que você me olhou disse "fica". Desde então, não tenho conseguido fazer muito, além de acordar e me trancar no quarto só esperando dar a hora de ir embora, te encontrar por acaso dentro do ônibus pra faculdade na manhã seguinte e a vida fazer mais sentido. Se o que você viu me trazia insegurança, o jeito com que olha pra mim traz a idéia de que as lágrimas de ansiedade são recíprocas. E as outras também.

3 comentários:

Otavio Cohen disse...

to há 10 minutos sem saber o que escrever. continuo sem saber.

lindo.

sblogonoff café disse...

Minha realidade � do ldo de dentro... N�o existe futuro sem presen�a...
Menina, eu queria n�o ter que vir at� aqui pra ficar te elogiando, mas � quase imposs�vel. O modo como descreveu seu encontro fortuito na escada � t�o bonito que d� vontade de chorar!

Cecilia . disse...

ai, li e reli tudo, e me foi tudo tão triste. Pôxa.

Abraço-te, Nat, pra que toda ansiedade se vá. Deixa no abraço as dores e vai feliz a rodopiar por um mundo novo, de letras, de realidadededentro, de rodopios e devaneios.

Vai.
Não faz de ti um sonho a realizar.
Vai.

=*